Fachadas Cortina - Projecto

Os princípios básicos para o projecto e a realização de uma fachada integral não mudaram; na realidade foram sendo desenvolvidos e melhorados, graças a novos critérios introduzidos nos últimos 40 anos.

Nos anos sessenta conhecia-se pouco sobre o comportamento físico das Fachadas Integrais e, ainda hoje, apesar do enorme progresso na identificação das causas, não foram totalmente eliminados os defeitos ligados à permeabilidade e à quebra de vidros.

A utilização de vedantes e silicones só foi introduzida depois de os comuns mástiques se revelarem inadequados para as novas situações.

Porque, então, ainda hoje aparecem graves defeitos?

As principais razões são: - As fachadas integrais não são interpretadas pela maioria dos projectistas como um sistema. A deformação de uma Fachada Integral por acção do vento ou por dilatação interna pode não provocar o colapso, mas o movimento pode abrir fissuras nas juntas, produzindo infiltrações de água. - As tolerâncias no fabrico das estruturas de betão e as dilatações térmicas não sempre são tidas em consideração. Os pilares podem ser desaprumados de vários centímetros; as vigas horizontais têm flechas que não sempre são previstas. - O projecto das Fachadas Integrais tem a tendência de reduzir cada vez mais as estruturas resistentes face às cargas que deverão suportar, ao contrário do passado, quando a inexperiência obrigava os construtores a actuar de forma a não correr excessivos riscos. Por isso é muito mais limitado o espaço disponível para compensar erros na assunção das cargas, para compensar as deficiências de construção e para resistir a cargas não previstas como, por exemplo, a construção de um novo edifício perto daquele em construção, que pode modificar o percurso e as solicitações do vento. - A urgência, muitas vezes imposta para o completamento do edifício, que leva, inevitavelmente, ao descuido de algumas práticas de boa qualidade.

É o arquitecto que projecta o edifício e que pede ao engenheiro estruturista para verificar e dimensionar a estrutura portante; mas é o “fachadista” que auxilia o arquitecto, ainda na fase de projecto, na escolha das soluções e materiais mais adequados ao seu projecto. Esta fase do projecto é muito importante porque permite identificar desde o início qual será a melhor solução para a idéia que o arquitecto tem da sua obra.  Numa segunda fase, uma vez escolhida a empresa responsável pela execução da fachada, esta terá o encargo de realizar o projecto definitivo.

 

A realização do projecto de uma fachada cortina deve ter em conta alguns aspectos fundamentais:

1. A localização da obra A posição geográfica e a situação meteorológica local, determinam as condições de exercício e cargas aos quais a fachada deverá responder.

2. Escolha dos materiais É extremamente importante o perfeito conhecimento dos materiais a utilizar para a fachada, pois são eles que deverão resistir ao tempo e determinar as prestações da fachada, sem serem causadores de eventos negativos.

3. Isolamento térmico O projectista da fachada deve poder garantir que a mesma não ultrapassa um determinado K médio, o seja, o valor K equivalente ao utilizado para os cálculos de dispersão térmica e para o dimensionamento do sistema de condicionamento e aquecimento. Os materiais escolhidos para a construção da fachada (vidros, aço, alumínio e vedantes) devem poder garantir o seu ideal isolamento térmico.

4. Permeabilidade ao ar O ar que provém do exterior deve ser aquecido para que a temperatura no interior seja aquela prevista no projecto. A fachada deve ser projectada de forma a evitar que haja perda de energia em caso de vento forte. Ou seja: uma fraca permeabilidade aumenta os gastos energéticos do edifício.

5. Impermeabilização A penetração da chuva na fachada depende de: - Intensidade da chuva. - A acção do vento (pressões e depressões). - Características dos materiais utilizados.

É muito importante que, na escolha da solução e dos materiais, o projectista tenha muita atenção no estudo de sistemas que evitem a penetração da água no interior da fachada, pois este é um dos maiores problemas na realização de obras deste tipo.

6. Isolamento acústico O isolamento acústico de um edifício era, antigamente, obtido simplesmente através da espessura das paredes. Hoje, no caso das Fachadas Cortina, sendo estas, por definição, consideradas leves, o isolamento acústico é obtido através da utilização de materiais adequados (vidros duplos, vedantes em silicone, poliuretano, poliestireno, etc.). O projectista da fachada deve poder garantir que esta isola dos ruídos exteriores e assegura o nível de decibéis previsto no projecto.

7. Resistência ao fogo A fachada deve contribuir para a protecção ao fogo, e impedir que este se propague no exterior ou no interior do edifício e entre pisos. Para garantir esta protecção, para além de evitar a utilização de materiais combustíveis, deve ser previsto, entre pisos, um elemento separador que evite a propagação das chamas em caso de incêndio. Segundo as directivas europeias, este elemento deve ser uma barreira contínua directamente ligada à estrutura portante do edifício e ter uma altura mínima de 1,1 m.

Após aprovação do projecto final, a empresa encarregue da construção realizará uma amostra da fachada em escala 1:1, que será ensaiada em laboratório apropriado para que sejam verificadas as condições acima descritas, em especial: a resistência ao vento, a permeabilidade ao ar e a impermeabilização.

Para o aprofundamento dos aspectos acima indicados sugerimos a consulta do texto: Directivas comuns UEAtc (Union Européenne pour l’agrément technique dans la construction) para a homologação de fachadas leves (LNEC 1984).

 

Fonte: FACCIATE CONTINUE – Una Monografia – Itália 1990 - Editora Tecnomedia/Reed Business Information Spa